A folha em branco impõe-se perante nós, desafiadora e impertinente, lança-nos um sorriso de troça e fica ali, a pairar como um fantasma que nos ensombra as ideias e nos tolda o raciocínio.
Hoje fiz-lhe frente. Olhei-a de forma ameaçadora, fixei-a com determinação, respirando fundo em plena concentração e disse-lhe NÃO! Hoje não levas a melhor, hoje não me vais obrigar a esconder, hoje eu vou fazer-te frente.
Comecei a debitar uma palavra atrás da outra, encaixando verbos e adjectivos, enrolando substantivos em preposições, misturando advérbios com interjeições, dando consistência às ideias, dando forma aos pensamentos... sempre empurrando o ponto final para longe.
Sim, hoje foi diferente. E hoje o branco ficou um pouco mais colorido, mais rico, mais denso. Gostei do desafio. Gostei tanto que em vez do ponto final vou deixar aqui reticências...
2 comentários:
Não podia deixar a caixa de comentários em branco e impelido pela sedução das palavras que li, e assolou-me um profundo desejo de gratidão pelos sentimentos que bebi.
Adorei! Beijo gde!
Há alturas em que uma imagem (mesmo mental) funciona muito bem: não há nada como agarrar o touro pelos cornos e mostrar-lhe quem manda.
Bjs
F.
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