sexta-feira, julho 11, 2008

em branco

Só quem nunca escreveu uma linha, uma frase ou uma palavra - daquelas que emergem do fundo da alma e nos brotam pela boca ou nos invadem o pensamento - só quem nunca expressou com letras os seus medos e anseios é que pode desconhecer o drama da folha em branco.

A folha em branco impõe-se perante nós, desafiadora e impertinente, lança-nos um sorriso de troça e fica ali, a pairar como um fantasma que nos ensombra as ideias e nos tolda o raciocínio.

Hoje fiz-lhe frente. Olhei-a de forma ameaçadora, fixei-a com determinação, respirando fundo em plena concentração e disse-lhe NÃO! Hoje não levas a melhor, hoje não me vais obrigar a esconder, hoje eu vou fazer-te frente.

Comecei a debitar uma palavra atrás da outra, encaixando verbos e adjectivos, enrolando substantivos em preposições, misturando advérbios com interjeições, dando consistência às ideias, dando forma aos pensamentos... sempre empurrando o ponto final para longe.

Sim, hoje foi diferente. E hoje o branco ficou um pouco mais colorido, mais rico, mais denso. Gostei do desafio. Gostei tanto que em vez do ponto final vou deixar aqui reticências...

2 comentários:

Anónimo disse...

Não podia deixar a caixa de comentários em branco e impelido pela sedução das palavras que li, e assolou-me um profundo desejo de gratidão pelos sentimentos que bebi.

Adorei! Beijo gde!

Unknown disse...

Há alturas em que uma imagem (mesmo mental) funciona muito bem: não há nada como agarrar o touro pelos cornos e mostrar-lhe quem manda.
Bjs
F.