quinta-feira, agosto 05, 2010

madrugada

Não é de noite, não é de dia... é uma mistura difusa. Um negrume salpicado de sardas brilhantes, que se enrola em fios de luz morna, rosada e intensa. É a noite que se recusa a partir, é o dia que insiste em chegar, é a madrugada.

É um instante, um momento apenas, em que o silêncio dita as regras e a neblina se derrama, passeia rente ao chão, rodeia pedras, árvores e arbustos, rodeia-me a mim. No limbo, entre a claridade e a escuridão, embalo-me na tranquilidade eremita, deixo sair os fantasmas e abraço a luz que vem de dentro.

E assim permaneço, vendo o céu à minha frente a corar, embaraçado talvez por se ver assim contemplado. A luz ganha força, as cores ficam mais veementes e vibrantes, até que o sol emerge por fim e mornos beijos vêm pousar-me no rosto.

Há algo de belo e mágico em cada amanhecer, algo de enérgico e profundo que nos toca como se por um instante mais nada importasse. Somos nós e uma bela manhã, um glorioso dia que nasce.