
Rodeado de uma imensidão de nada, nem podia dizer que era um deserto porque o meu olhar não vislumbrava nem dunas nem areia. Era um enorme vazio, de um branco ofuscante que me feria os olhos. Sem princípio e sem fim.
Quis gritar com toda a força que os meus pulmões permitiam. Ordenei que as palavras me saíssem pela garganta e que se soltassem, desgarradas, que fossem até onde pudessem, que me fizessem doer no peito de tão sonoras. Eu quis, mas novamente o meu corpo ganhava vontade própria e deixava de me obedecer. Permanecia sereno, ignorando as minhas vontades.